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Blade Runner: Black Lotus | Review



Diretor: Kenji Kamiyama

Studio: Sola Digital Art

Quantidade de episódios: 13

Temporada: Outono 2021

Quando em 2017 Shinichiro Watanabe fez um curta metragem a pedido do próprio Denis Villeneuve para que houvesse um pequeno background sobre a história que seria contada em Blade Runner 2049, ficou no imaginário dos fãs como seria um filme ou série animada nesse universo criado por Ridley Scott, afinal, tantos animes com a temática cyberpunk já se inspiraram em seus visuais e temáticas, mas nunca foi feito um da própria franquia, e Blade Runner: Black Out 2022 talvez tenha sido o pequeno empurrão necessário para que um projeto maior começasse. Pouco tempo depois foi anunciada uma série produzida pelo próprio Watanabe e dirigida por Kenji Kamiyama, responsável pela adaptação da saga Ghost In The Shell: Stand Alone Complex, e criador de Higashi no Eden. O sonho era real, junto de outros profissionais que eram experientes em animes do gênero e com um saldo positivo na indústria, não havia como dar errado, e realmente deu certo, mas talvez não tenha sido o que muitos dos fãs esperavam.
Blade Runner: Black Lotus conta a jornada de Elle, uma garota que perdeu a maioria de suas memórias e as únicas pistas para descobrir o que houve com ela é a tatuagem de uma Lotus Preta em suas costas, uma vaga lembrança da pessoa que a fez e um dispositivo de dados bloqueado.
Para os que esperam nesse anime a mesma carga filosófica e momentos contemplativos que temos tanto no filme de 1982 quanto no 2017, esqueça, Black Lotus é focado em investigação e ação, é claro que mensagens que fazem da franquia Blade Runner ser o que é estão lá, como por exemplo o que nos torna humanos, o quão a vida se torna descartável e substituível em um mundo tão dependente da tecnologia, e até mesmo as pequenas questões raciais, mas tudo em menor escala, não faz muito tempo desde que tivemos um filme focado quase inteiramente nisso e a decisão de não fazer o mesmo da série eu considero segura.
Acredito que histórias paralelas que abordam aquele mundo de formas diferentes são importantes, não necessariamente é preciso que toda narrativa siga os mesmos moldes que o seu original criou, isso limitaria os criadores e talvez os fizessem contar a "mesma história" inúmeras vezes.

A história de Black Lotus é simples mas eficiente, existem algumas questões e personagens secundários que apesar de surgirem com um certo destaque carecem de desenvolvimento ao decorrer da série, mas levando em consideração que a narrativa gira em torno de Elle e suas questões pessoais isso não chega a incomodar.
Outra visão interessante e diferente que o anime nos apresenta é a parte urbana desse mundo, Blade Runner sempre foi extravagante em visuais e paisagens únicas, e temos isso aqui também, mas é bem comum vermos as cidades e favelas onde a tecnologia de ponta não chegou ainda, nos entregando cenários sujos, precários, sem vida, e o mesmo se reflete nos cidadãos que normalmente vemos passando ao fundo das cenas.
Agora entrando em pontos negativos, acredito que o anime se estenda demais em alguns momentos, deixando a narrativa lenta e até mesmo repetitiva, o mesmo flashback é usado inúmeras vezes para nos deixarmos a par da situação atual e das motivações de alguns personagens, ou um dos episódios que recapitula tudo que aconteceu na série até então, isso é quase ofensivo ao público já que não é nada tão difícil de lembrar.

A trilha sonora também deixou a desejar, talvez para se conectar com um público mais jovem a série usa de muitas músicas pop terceirizadas, não são ruins e se encaixam com as cenas em que são colocadas, mas uma das características que torna Blade Runner memorável é sua icônica trilha, até existe uma tentativa de simular as músicas compostas por Vangelis, mas está lá muito mais por referência do que como parte intrínseca da obra.
Por último gostaria de falar a respeito daquilo que talvez seja o principal motivo que venha a afastar as pessoas da série, seu estilo de animação é feito inteiramente de modelos 3D, apesar da técnica ser comumente rejeitada pelos fãs de anime, em Black Lotus além de ser fora do padrão Cel Shading, remetendo muito mais ao que vemos em cutscenes de games com modelos realistas que mantém a estética japonesa, como a franquia Final Fantasy por exemplo. Claro que ainda falta muito para se comparar aos grandes blockbusters, mas para o que normalmente vemos sendo feito na indústria o que esse anime apresenta é um grande destaque, não só as expressões faciais são bem feitas quanto a fluidez dos movimentos e balançar das roupas, seja em uma cena de diálogo ou de ação. Infelizmente não posso dizer o mesmo a respeito da movimentação do cabelo, mas levando em consideração que essa é uma das coisas mais complicadas de serem animadas eu consigo relevar.
Por mais que Blade Runner: Black Lotus não seja o que alguns fãs queriam, tenha uma animação diferente do que foi visto no trabalho anterior de Watanabe, e até mesmo para o padrão da indústria, eu convido todos os fãs da franquia a darem uma chance para a série, pois ela pode ter sido o primeiro passo para que Blade Runner se expanda cada vez mais para diferentes mídias, e para os amantes dos filmes que quiserem uma razão maior para vê-la, digamos que o anime tem certas conexões com eles.

Solid_Mateus


Mateus, amante de Cinema AlternativoFilme BExploitation, e o maioir defensor de diretores odiados pela crítica especializada. Nas horas vagas sou Otaku, mas isso é segredo.

Cargo: Escritor

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